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Nordestinos repudiam preconceito
As redes sociais no
Brasil estão repletas de mensagens odientas e preconceituosas contra negros,
pobres, homossexuais, mas agora principalmente após a decisão da eleição
presidencial, contra nordestinos.
Essa prática irracional
não é nova no mundo e sempre foi alimentada pelo mais virulento ódio e não
poucas vezes descambou para estúpida crueldade. Nessas circunstâncias existem
dois movimentos que caminham paralelos alimentando a virulência. O primeiro é
uma divisão na personalidade e o segundo é uma cisão dentro do grupo social ou
coletividade. Na primeira situação o objeto do ódio é o diferente e na segunda
é o grupo considerado inimigo, o alvo da destrutividade. A origem disso é a
divisão maniqueísta entre bem e mal, feio e belo, limpo e sujo, superior e
inferior, vermelho e azul. Tal dispositivo foi bem expresso por Bush na época
da destruição das torres gêmeas, quando disse que os EUA representavam o bem e
que iria destruir o eixo do mal. Isso é a repetição de um processo que a história
registra através dos tempos, desde quando as raças humanas surgiram,
apresentando diferentes colorações de pele.
A Idade Média e a Renascença
foram marcadas pela mais brutal repressão, tanto na inquisição que matou mais
de cinco milhões de mulheres consideradas bruxas, quanto na luta entre
católicos e protestantes, que resultou no sangrento massacre de São Bartolomeu,
em Paris, no ano de 1572. O processo político sempre teve uma dimensão
teológica, servindo de nutriente para alimentar o ódio entre grupos ou nações
rivais. O inimigo é categoria onipresente em todas as formas de funcionamento
político, seja entre nações ou no interior de uma mesma nação.
O holocausto judeu na
Alemanha nazista é o exemplo mais abrangente na modernidade desse tipo de ira
narcísica que resultou na demonização daquele povo. O judeu foi naquela época
considerado por eminentes antropólogos da ideologia nazi, como tendo estrutura
cerebral lombrosiana e o nariz caracteristicamente torto, evidenciando sua
degeneração corporal e mental! Freud chamou esse antagonismo de uma raça contra
outra, ou de uma parte de uma sociedade contra a outra de narcisismo da pequena
diferença, por exemplo, quando o alemão do sul despreza o alemão do norte, ou o
espanhol despreza o português.
O carioca-paulista Euclídes da Cunha escreveu Os Sertões, e pontuou o fato de que na cruenta luta que levou ao
massacre de Canudos, ser o sertanejo, sobretudo um forte, que enfrenta a
adversidade, vencendo a inclemência da terrível canícula. Contraditoriamente, Euclídes
tinha forte preconceito contra o movimento liderado pelo Conselheiro e na
época, somente Machado de Assis veio em defesa daqueles miseráveis oprimidos.
O escritor húngaro,
Sandor Marai escreveu sobre o tema no livro O
Veredito, no qual mostra a incrível capacidade de estrategista do sertanejo
nordestino. Além disso, muitos autores têm demonstrado que o Nordeste é uma
espécie de celeiro, exportador de talentos para o Brasil e para o mundo. Não
gosto de tais contraposições, mas a harmonia é alcançada na contradição.
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Perfil
Minha reflexão levou-me à idéia de que a política tem um motor paranóico impossibilitando juntamente com os interesses de classes a consecução pelo homem da justiça e do bem. Finalmente me caracterizo como pensador radical, sem sectarismo, para quem a sociedade capitalista contemporânea se exprime pela afanosa busca do fetiche consumista.
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