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A Caneta – A cegueira dos olhos que vêem

Valton Miranda Leitão[1]
Quando
eu tinha aproximadamente seis anos de idade, frequentava as lições de catecismo
da professora de olhos azuis. O cabelo alourado e a silhueta bonita compunham
um todo com aquela luminosidade azulada. O desenho de Deus com sua enorme
barba, sentado no seu trono de nuvens, enquanto pisava um satanás negro de
grande rabo terminado em seta, não distraía minha atenção, quase sempre fixada
naqueles olhos buliçosos e alegres. Creio que foi por conta dos ínvios caminhos
inconscientes da pulsão precoce que, certo dia meu pai me presenteou com uma
linda caneta tinteiro.
A
minha atenção se voltou quase inteiramente para esse objeto mágico, cuja pena
dourada fazia corpo único com o todo fálico do objeto. A tinta era sugada para
dentro por um êmbolo que depois era devidamente recoberto. Os olhos azuis, ao
verem a sheafers, pois se não me
engano era esta sua marca industrial, claramente se desviaram do desenho onde
Moisés aparecia com as tábuas da lei para se fixarem na minha orgulhosamente
ostentada posse.
Os
olhos e a caneta começaram então uma espécie de namoro que oscilava entre o
amor e o ódio. A caneta rebelde se escondia e, quando aparecia, garatujava com
a suavidade de sua pena no papel branco rabiscos incompreensíveis. O combate
entre os dois acontecia na escuridão das mentes. O papel branco do caderno era
a testemunha passiva desta luta. Os caracteres de uma letra caligraficamente
arredondada construíam frases sobre o rei Herodes e o nascimento de Jesus,
sempre intercalados com minha letra vacilante que apenas esboçava o desenho de
dois olhos e um nome esquecido. Talvez seja essa a minha primeira lembrança da
lei mosaica que se instaura com um ato de força do poderoso Moisés, condenando
a contemplação libidinosa daquela cor azul que esvoaçava na pequena sala e se
instalava no papel, depois acariciado furtivamente em casa. O imenso
significado emocional-afetivo deste fato me escapou até pouco tempo atrás.
Foi
somente quando o melhor domínio da minha afetividade inconsciente e da própria
teoria do inconsciente me permitiram certa compreensão sobre a projeção pelo
olhar que esta lembrança saltou para a consciência, através de uma única
palavra: “tirania”. A lembrança, certamente encobridora, se transformou no
artigo A Tirania do Olhar que foi
suscitado pela leitura da peça de Shakspeare, Como Queiras, da qual transcrevo o trecho: “...chamar os olhos de tiranos, verdugos, assassinos sendo como são os
órgãos mais frágeis e delicados que fecham as pupilas temerosas ao menor
átomo...se meus olhos tiverem o poder de ferir que te matem logo. Finge agora
que desmaias. Vamos, cai no chão e se não podes tem vergonha para não mentires
dizendo que meus olhos são assassinos. Mostra-me então a ferida que meus olhos
te causaram. Arranha-te com um alfinete que lá ficará alguma cicatriz por eles
causada...mas agora meus olhos que dardejei contra ti não te causam qualquer
mau nem estou certo que existe força nos olhos capaz de ferir...”.
Quando
aos oito anos de idade fui mandado para o internato dos padres de papo branco e
pés emborrachados, comecei a compreender a importância que o olhar e os olhos
tinham para as pessoas e sua comunicação. Algumas pessoas entram dentro de nós
pelos olhos com bom ou mau olhado. O olhar pode ser cruel, malicioso ou bondoso
e alguns dizem que pode carregar a doença ou a saúde. O olhar de Isidoro no
internato era sádico, produzia culpa, enquanto o olhar de Hipólito escondido
por traz de lentes negras parecia vir das profundezas do inferno, mas se
desmascarava por traz dos óculos. O olhar azul do padre Miguel era franco,
bondoso e distante. O fato é que todos ingressavam na cabeça dos alunos,
produzindo emoções de todo tipo e pensamentos de toda ordem.
Até
aos dezesseis anos, sair daquela prisão física e mental foi um sonho acalentado
em cada fim de semana que podia passar em casa ou nas férias vividas
intensamente na fazenda de Campo Maior. A nostalgia que se misturava à angústia
buscava o amor que o menino imaginava tê-lo rejeitado. Os afetos de amor e ódio
oscilavam entre extremos de generosidade e muitas vezes de crueldade que se
manifestavam no ataque a pequenos e indefesos animais. Se pudesse voltaria no
tempo para dar vida a todos os passarinhos que matei, todos os sapos que
torturei, todos os preás que deixei morrer a míngua, todos os cavalos nos quais
bati implacavelmente e se tivessem uma alma lhes pediria perdão. Felizmente
minhas malvadezas com os humanos não adquiriram tais proporções e de certa
maneira sempre fui mais altruísta que egoísta.
Todas
essas coisas aconteceram mais intensamente até aos dezesseis anos de idade, vivenciando
sempre fortes emoções e paixões. Somente mais tarde vim a compreender que
existia uma forma de paixão sem destruição, cálida e tranquila, como a dos
heróis e a dos santos. Ora, o olhar medúsico que petrifica levou-me a mostrar o
olho interior crítico e vigilante que me observa e algumas vezes tiraniza e
tortura. Dessa maneira, creio que quando aos dezessete anos comecei a perder a
visão, concomitantemente aumentou meu sentimento de fragilidade. Freud
descobriu que essa ansiedade pode estar relacionada com o incremento dos medos,
fobias, obsessões, sentimentos de perseguição e delírios de toda espécie.
Isso
para um psicanalista é absolutamente compreensível, mas para um leigo é difícil
entender como a lembrança de uma caneta tinteiro presenteada numa idade tão
distante pode ser reinvestida com tal força na imagem e na linguagem. O
psicanalista sabe que antes dessa caneta tinteiro existia uma outra, da qual a sheafers é apenas uma cópia. O analista
igualmente compreende que, sendo um presente paterno, a caneta tinteiro
adquiriu uma dimensão de transferência totêmica do pênis-falo. O problema que
se coloca neste percurso é explicar como o olho que não vê, equivalente da
castração, pode ter superado essa vivência sem levar a personalidade à
amargura, à descrença e mesmo ao colapso.
O
detalhamento sobre o desmonte da organização neurótica, cujas bases foram
fincadas no infantil é como o fundo do leito de um rio que jamais se mostra por
inteiro da nascente ao mar. Freud descobriu que o instinto se interioriza ou
cria raízes nas funduras do inconsciente sob o peso da censura e do recalque ou
então se sublima na poesia, na arte e na ciência. Neste percurso interessa
compreender como a curiosidade investigativa intelectual se desenvolve
concomitantemente com a necessidade de escrever e o sempre presente impulso
para a participação político-filosófica.
O
meu primeiro artigo foi escrito aos dezessete anos e recebeu o estranho nome de
O Calango e o Ovo, cuja pretensão era
aproximar Freud e Marx dos quais certamente sabia quase nada. Nessa mesma época
escrevi A Morte do Cangaceiro, que
foi publicado num jornal de Fortaleza e pela revista Singra de circulação
nacional. O conto O Jangadeiro Perdido
nunca foi publicado. Atualmente não disponho de nenhum exemplar desses
trabalhos, talvez porque os achasse demasiadamente impulsivos e ingênuos.
O
fato mais marcante desse período, entretanto, foi a ruptura oficial feita
diante de um padre com a Igreja Católica e depois com qualquer forma de
religiosidade. Nunca mais assumi qualquer credo religioso, sendo inteiramente
avesso à crendice supersticiosa, mas sempre muito respeitoso com os que
acreditam na influência celestial. É importante esclarecer que o componente
místico jamais desapareceu por completo da minha mente. Portanto, como Spinoza,
sempre acreditei que transcendência se encontrava na imanência, enquanto o
efêmero e o contingente sempre pressupunham o eterno e absoluto. A aparente
contradição pode ser explicada pela compreensão de que existe algo de
inominável, indizível e misterioso que nenhum homem jamais resolve.
A
batalha interior travada com a religião era municiada pelo arsenal que obtivera
durante o período do internato num “colégio de rezadores”. Nesse tempo, percebi
toda a dimensão da hipocrisia e maldade que, infelizmente, a religião pode
abrigar. Por isso, ajudado pela rebeldia rompi decididamente com a religião,
mas de uma forma extremamente emocional e pouco racional. Desde então, começou
a se infiltrar na minha mente de forma nebulosa uma distinção muito imprecisa
entre Deus e divindade. Dessa maneira, na minha lógica, rejeitava a ideia de
Deus, mas aceitava uma espécie de plano divino universal. Nesse sentido, é
importante ressaltar que até bem pouco antes de morrer, minha mãe instava que
eu me “reaproximasse de Deus”. Os crentes sempre me disseram algo como “você é
muito cristão e não sabe”, fazendo o que eu imagino ser uma espécie de atalho
para atingir a minha consciência.
As
teorias que assumimos na adolescência fazem parte de um arsenal psíquico de
defesa que emergem do inconsciente e confluem para a consciência como crença
filosófica e científica. O olho é o principal instrumento deste processo
complexo, tomando o lugar de outras percepções, afasta ou distancia o indivíduo
da realidade como verdadeira câmera fotográfica mental.
A
curiosidade pelo olhar, creio que está implicada nesse processo, pois a
militância durante muito tempo foi um gozo e a teoria política uma religião.
Quando aos vinte e dois anos olhei atentamente, através do seu esquife
transparente em Moscou, na Praça Vermelha, o corpo perfeitamente embalsamado de
Lenin, fiquei certo que tinha também substituído Deus. Tal caminhada se deu
apaixonadamente envolvendo pessoas, livros e ideias até que me tornei médico,
psiquiatra e psicanalista, casei e gerei quatro filhos com uma mulher que se
comunicou comigo.
Os
sentimentos sempre me puseram em guarda contra rituais e cerimoniais
socialmente estabelecidos, cuja importância só vim a compreender na maturidade.
A psicanálise também me ensinou a suspeitar da Razão, mas igualmente a não
ceder ao domínio de emoções e afetos. Nenhum ser humano passa pela vida sem
construir crenças e mitos interiores que depois serão abandonados ou não e
substituídos pelos fatos da realidade ou por um delírio religioso. Nenhum
crente aceita a palavra delírio para designar sua crença, porque sair da
afanosa busca de ilusões é sempre luta no luto.
É
impossível saber por que algumas pessoas abandonam um equipamento tão
consolador como a religião e escolhem a via mais difícil, fazendo a crítica da
Fé diante do altar da Razão. Talvez por esse motivo a transição para a práxis
política se tenha dado com forte contaminação religiosa, sendo difícil separar
Marx, Lenin e Jesus Cristo. Compreendi lentamente que conhecer não é saber,
porque além disso o conhecimento ocorre sempre no entrecruzamento de amor e
ódio. A linguagem que abrigará o saber será sempre instrumento de alienação ou
de verdade entre o mithos e o logos. A vida, a história e a política,
no cruzamento do símbolo com a realidade da sobrevivência e do poder sempre
escapam à compreensão precisa, pretendida pela arrogância da Ciência. Isso
implicava o entendimento de que a faixa de racionalidade na mente é exígua,
embora deva ser buscada como instrumento para o bom pensamento.
A
contradição entre o contrato social que procurava na sociedade socialista e o
paradoxo dos instintos e pulsões errantes esteve, portanto, posta desde a juventude.
O esforço para superar esta errância, por outro lado, se colocava através da
convicção de que ninguém é um Robson Crusoé. Portanto, para construir e
desenvolver se necessita de uma ligação afetiva com outra pessoa. Dizem que os
intelectuais e artistas precisam de isolamento para produzir e criar, mas creio
que essa solidão é compartilhada na mente com multidões, que sempre estão
presentes propiciando o ato criador. A escritura e a pintura ou a poesia são
apenas manifestações das massas de seres humanos que borbulham na mente daquele
que escreve, esculpe ou pinta.
A
caneta adquiriu nova roupagem expurgada do “dura
lex sed lex” do passado, como igualmente da impulsividade
agressivo-libidinal, buscando uma nova formatação teológico-político-filosófica
compatível com a trans-formação. Compreendi que é preciso mudar para ver e que
o ver para mudar está simplesmente na superfície. A memória que está implicada
neste processo precisa ser articulada no conceito representacional para que uma
mudança aconteça. Dessa forma, embora não acredite que alguém possa ser
descolado da sua própria história e também não crendo que o Ser e a Razão sejam
socialmente ahistóricos, penso num lugar onde o informe e indizível possa se
situar, daí porque acrescentei a palavra teológico na frase anterior.
O
lugar do sagrado permanece até hoje nesse esconderijo psíquico e não vejo
sentido em transpô-lo para nenhum ritual ou liturgia, pois o informe não se
deixa apreender pelo intelecto humano. A caneta e os olhos azuis continuaram o
seu diálogo até esse ponto de totalização para além da autoconsciência. Isso,
entretanto, ocorreu concomitantemente à outra caminhada histórico-social, na
qual o Ser e a Razão dialogam através do pensamento sempre tentando articular
realidade e linguagem. Tal conexão é extremamente difícil, tendo os filósofos
oscilado entre o empirismo radical que descamba para o positivismo ou o
estruturalismo linguístico que beira o inatismo platônico.
A
complexidade da comunicação não é redutível ao funcionalismo dos jogos de palavras
de Wittgenstein, ao determinismo linguístico ou hermenêutica transcendental,
pois o ato comunicativo implica a participação de uma subjetividade e
intersubjetividade, interagindo dialeticamente com a linguagem. Nesse sentido,
quando se pensa a literatura como transposição de elementos inconscientes do
autor para o texto e não simplesmente como criação artística, infinitamente
multifacetada, não dá para aceitar a tese do hipertexto, produzido a muitas
mãos na construção literária ou no livro de laboratório, como pretende ser, por
exemplo o Castelo dos Destinos Cruzados,
de Ítalo Calvino. O valor do livro de Calvino está nos pictogramas que apresenta
ao modo das cartas do tarô para que possamos deduzir daí os possíveis destinos
dos personagens. Do mesmo modo que não acredito numa cesura histórica entre
civilizações como a chinesa, árabe ou grega não creio que o inconsciente tanto
individual quanto coletivo possa produzir infinitas interpretações e versões
imagético-linguísticas da sociedade e da personalidade sem certo substrato
universal que as articule. Não estamos em absoluto soltos no espaço mental e
sóciocultural.
Assim,
como diz um famoso psicanalista trabalhando um texto de Humberto Eco sobre
literatura, não há como reduzir certos componentes inconscientes ao plano do
autor, pois o mundo interno do escritor estará sempre contido, em princípio, no
próprio plano. Certa vez, Borges disse que não seria possível fazer um mapa mundi completo, pois o geógrafo teria
que se incluir dentro da cartografia. É precisamente dessa opinião que discordo,
pois ao fazer o mapa o autor já está por princípio inscrito nele. Assim, um
mapa do mundo produzido em Cabul terá sempre características diferenciais de um
outro produzido em Brasília, pois o inconsciente individual e cultural dos
autores influirá necessariamente na sua produção.
O
gênio do escritor de O Tigre estará
sempre marcado pelo seu reacionarismo político, tanto quanto pela sua cegueira
física e pela sua ligação incestuosa com sua mãe. Portanto, a evocação da
memória aurática involuntária, conforme Walter Benjamim é exatamente aquilo que
torna o texto de Em Busca do Tempo
Perdido, de Proust, a inconfundível criação artística, na qual o
inconsciente do autor salta diante do olhar intuitivo do psicanalista. Dessa
forma, quando escrevo um texto como Ana
Bárbara ou O Catecúmeno não há
como distinguir no interior da sua literariedade o mundo interno do autor da
sua criação objetiva inscrita na cultura. Os olhos azuis sempre estarão
brilhando na escuridão para o bem ou para o mal.
A
caneta que operacionaliza a linguagem escrita não pode prescindir da
comunicação intersubjetiva entre os olhos cegos e os olhos azuis. Esse diálogo
do olhar é profundamente emocional, ziguezagueando entre emoções de amor, ódio,
repúdio, aversão etc, buscando a configuração de um saber ou conhecimento. O
embate entre os olhos de Rosalinda disfarçada no jovem Ganimedis mostra na peça
shakespeareana a luta pelo amor heterossexual de Orlando, enquanto se debate
com sua homossexualidade inconsciente. O fidalgo, igualmente apaixonado,
derrota com sua poderosa espada os adversários mais perigosos que se atravessam
no seu caminho para o coração de Rosalinda-Ganimedis. O jogo dos olhos se
confunde com a batalha dos sentimentos que Shakespeare genialmente exprime,
combinando masculino e feminino numa mesma pessoa.
A
batalha entre os olhos e a espada mostra a relação de amor e ódio vivenciada
por meio da visão, trazendo de volta, através da grande literatura aquilo que
chamei o diálogo entre os olhos azuis e a caneta. A linguagem nessa circunstância
está inteiramente submetida aos afetos e emoções que transitam pelo olhar. Tais
componentes se encontram no texto de Shakespeare que para encobri-los cria um
clima de comicidade. A peça classificada como comédia pelos críticos é, na
minha visão, a própria expressão de impulsos primitivos inconscientes, sádicos
e invejosos, hetero e homossexuais se entrechocando como tendências para o amor
e a vida.
Destarte,
apresentei aqui uma espécie de jogo dos olhos, tentando me equipará pelo menos
descritivamente ao filósofo paralítico Thomas Mareck maravilhosamente descrito
por Elias Canetti. O filósofo usava a língua para passar as páginas dos livros
tanto quanto para longas conversas intelectuais. A médica com quem casou
mostrou a incrível força da libido amorosa quando a alma não é pequena. Assim,
finalmente, creio que com essa comparação algo audaciosa mostro que o olhar
afetuoso para o mundo supera a cegueira dos olhos que vêem.
Referencias
Passeata Literária. / Sociedade Brasileira de médicos
escritos – CE. Marcelo Gurgel Carlos da Silva (org.) Fortaleza – Ce – Edições
SOBRAMES / Expressão Gráfica Editora , 2011.
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