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Procusto versus Lula
O Estado de Exceção vigente no Brasil com a derrubada de Dilma Rousseff tem
continuidade com o apoio obsceno da grande mídia, de um congresso de palermos
políticos e, o mais incrível, a operacionalização de medidas antipovo conduzidas
por parcela do judiciário.
Trata-se de um verdadeiro massacre contra os trabalhadores, os servidores
públicos, as universidades e a população de baixa renda para tornar o rentismo
dos bancos e a riqueza dos ricos ainda mais lucrativa.
O sistema midiático conseguiu transformar um simples juiz curitibano num
verdadeiro Procusto, que juntamente com meia dúzia de rapazotes munidos do Vade
Mecum do direito, combinados com policiais exibicionistas, promovem no país o
que proclamam como purificação da vida sociopolítica!
É absolutamente ridículo que a vida da nação esteja sendo agendada por este
pequeno grupo de “salvadores da pátria”. Tais salvadores, sabemos, estão
norteados quase sempre por fantasias nazifascistas e paranoicas. O gigante
Procusto da mitologia desejava que todo viajante que passasse no seu
desfiladeiro se submetesse ao teste de sua régua-cama e os que não coubessem
por serem muito altos, tinham as pernas amputadas, enquanto os mais baixos eram
esticados até a morte. Quando alguém parecia caber no instrumento, ele
dispunha de um segundo para impedir que
sua vítima escapasse.
Assim, o estatuto chamado de delação premiada transformou-se na tortura mental
procustiana, que sob o disfarce do combate à corrupção, quebra a economia
nacional e pretende atingir diretamente personagens importantes da esquerda
para impedir a continuidade de um projeto político popular. Além disso, é legítimo
suspeitar que a maioria dessas delações não merece o menor crédito.
Não há dúvida de que a imparcialidade e a neutralidade que devem
orientar o judiciário foram abaladas nesta dificílima fase da vida política
nacional. Escrevi no artigo A desmedida
das dez medidas o seguinte: “O fato é que para o observador
intelectual, a balança de Têmis sumiu para dar lugar à régua de Procusto, pois
quem não couber na sua medida será fatalmente punido”.
Weber afirma que o mercado capitalista constrói jaulas de ferro dentro
da sua racionalidade burocrática, mas no Brasil, aparentemente, existe uma
jaula instalada em Curitiba e nela, Procusto pretende prender o maior símbolo e
mito da luta do povo brasileiro contra o patrimonialismo de uma minoria ultra
privilegiada, principalmente na FIESP.
Essa situação precisa ser denunciada, pois a engrenagem montada para
atender a interesses dentro e fora do país, de bancos e ultra milionários é
suportada pelo aparelho da grande imprensa com núcleo principal na Globo. Não é
possível que o Direito brasileiro esteja resumido à lei vesga da espetaculosa
operação lava jato. Isso significa colocar o Direito de cabeça para baixo, pois
não é a lei de juízes e procuradores que faz o povo, mas é exatamente o
inverso, é o povo que através de representantes legitimados pelo voto faz a
Constituição e a Norma Geral, ou seja, o Direito.
Artigo publicado no jornal O Povo em 15/04/2017
http://www.opovo.com.br/jornal/dom/2017/04/valton-de-miranda-leitao-procusto-versus-lula.html
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Perfil
Minha reflexão levou-me à idéia de que a política tem um motor paranóico impossibilitando juntamente com os interesses de classes a consecução pelo homem da justiça e do bem. Finalmente me caracterizo como pensador radical, sem sectarismo, para quem a sociedade capitalista contemporânea se exprime pela afanosa busca do fetiche consumista.
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