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Amor, ódio e intolerância

Jornal O Povo - em 17:00 | 08/07/2017
O mundo e o Brasil em particular
vivem o incremento do individualismo que desqualifica o convívio social, ao
mesmo tempo em que uma crescente intolerância político-religiosa e intelectual
divide raivosamente pessoas e grupos. Manifestações violentas de agressividade
em aeroportos e espaços públicos surgem por toda parte com virulência cada vez
maior. A injustificável crueldade dos terroristas da Jihad Islâmica tem sua
contrapartida no terrorismo ocidental, principalmente o norte-americano, que
centraliza sua geopolítica na expansão do mercado.
O debate dialogado e argumentado que
deveria prevalecer no entrechoque das ideias é substituído por rancor e
vingança. A onda nazi-conservadora que avassala o planeta, grandemente
turbinada pela superficialidade dos processos midiáticos e pela comunicação
passionalizada na internet, incrementa o ódio e sufoca o amor. O
casamento-espetáculo é a manifestação mais expressiva deste caldo de cultura,
no qual se desenvolve a patologia afetiva.
A hipocrisia reinante nos processos
comunicativos permite o surgimento de idiotices como Big Brother ou a
gravíssima doença da Baleia Azul. O enfraquecimento da triangulação clássica
entre pai, mãe e filho dá origem a muitas perversões acobertadas com o
invólucro do progresso cultural. O tratamento respeitoso com as novas
configurações sexuais (homossexualidade, transexualidade) é confundido com
desregramento e desmesura, atingindo diretamente a jovem adolescência com pouca
capacidade de julgamento. A depreciação dos objetos de amor cria um abismo
ainda maior do que o normalmente existente entre ternura amorosa e amor
erótico-sensual.
Paulo Prado, no Retrato do Brasil,
pretendeu que nosso atraso estaria atrelado a uma suposta tendência luxuriosa e
melancólica do pretenso caráter nacional. Isso explicaria o sentimentalismo e a
sensualidade derivados da mestiçagem. As raízes do Brasil não se encontram na
suposta cordialidade proclamada por S. Buarque de Holanda, mas no uso violento
que o colonizador português fez de índios e negros, principalmente as mulheres,
agora incrustado na sociocultura brasileira que despreza pobres, mulatos,
caboclos e outras minorias que não estão no topo da pirâmide social.
A perfídia, a trapaça e o embuste
penetram a sociocultura ocidental e brasileira com os mass media despoticamente estimulando a engrenagem. O maior
problema desse jogo mercadológico é que a mídia tanto quanto o poder judiciário
pretendem se colocar para além da crítica como vestais kantianas de uma ética a
priori.
A intolerância é irmã gêmea da
arrogância que caracteriza as classes dominantes, empunhando dinheiro e joias
como emblemas fetiche da sua posse sobre os pobres mortais que vivem na
planície do trabalho fatigante.
O Daimon
do inconsciente aliado das potências infernais ajuda a pulsão destrutiva que
Eros, o deus do amor não consegue conter. O deus do dinheiro, Pluto, sob o
disfarce da suposta ética concorrencial é o maior aliado da odienta destruição
tanática.
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Perfil
Minha reflexão levou-me à idéia de que a política tem um motor paranóico impossibilitando juntamente com os interesses de classes a consecução pelo homem da justiça e do bem. Finalmente me caracterizo como pensador radical, sem sectarismo, para quem a sociedade capitalista contemporânea se exprime pela afanosa busca do fetiche consumista.
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